Lei Maria da Penha completa 12 anos punindo a violência contra a mulher

‘Antes da Lei Maria da Penha, homem que agredia a mulher era considerado um covarde. Depois da lei ele é considerado um criminoso’, diz delegada.


Nesta terça-feira (7) em que a Lei Maria da Penha completa 12 anos, as polícias do Rio de Janeiro e de Minas Gerais prenderam mais de cem suspeitos de praticar algum tipo de violência contra a mulher.
De cabeça baixa, com o rosto encoberto, enfileirados é como eles chegaram à delegacia, todos suspeitos de violência contra mulheres.
Eles vão responder por crimes como lesão corporal, feminicídio, tentativa de feminicídio e descumprimento de medida protetiva.
As 46 prisões foram resultado de uma grande operação no Rio de Janeiro envolvendo todas as Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher.
Em Minas Gerais também teve operação. Os policiais prenderam 65 pessoas e estiveram nas casas das vítimas para fiscalizar se os agressores estavam mantendo distância.
As ações aconteceram na data que se celebra uma conquista: os 12 anos da Lei Maria da Penha.
Foi em 2006 que a luta de uma farmacêutica, cearense - agredida a ponto de ficar paraplégica depois de levar um tiro do marido - inspirou a criação da lei que estabeleceu medidas de proteção para as mulheres vítimas de violência e punição rígida aos agressores.
“Antes da Lei Maria da Penha, o homem que agredia a mulher era considerado um covarde. Depois da Lei Maria da Penha, ele é considerado um criminoso”, disse a diretora da Divisão de Polícia de Atendimento à Mulher, Gabriela von Beauvois.
A lei também encorajou as vítimas a denunciar os agressores. Os crimes que muitas vezes ficavam silenciados entre quatro paredes passaram a ser levados para as delegacias especializadas no atendimento à mulher.
Mas ainda não é o suficiente. No Brasil, a taxa de feminicídio, que é o assassinato motivado pelo simples fato de as vítimas serem mulheres, é a quinta maior do mundo, segundo a ONU.
No Recife, José Luiz da Silva foi preso na segunda-feira (6) em flagrante, depois de matar a tiros a pastora Josefa Maria da Silva, de 42 anos. Ela estava dentro do carro na frente da casa da namorada, com quem José Luiz já tinha tido um relacionamento. O crime foi motivado por ciúmes.

No fim de semana, a vida de Andreia Campos de Araújo, de 29 anos, também terminou de forma trágica. 

Ela foi assassinada pelo marido Marcelo Kroin, em Jaraguá do Sul, Santa Catarina.

Andreia estava grávida de três meses. Depois de receber uma denúncia, a polícia encontrou o corpo da mulher enrolado num cobertor dentro do carro de Marcelo, estacionado na garagem de casa.Ele confessou o crime.

No Rio, Anderson da Silva, de 28 anos, também admitiu ter matado a mulher. Ele asfixiou a vendedora Simone da Silva, de 25 anos, dentro de casa, no complexo do Alemão, na frente do filho do casal, de 3 anos. Simone também estava grávida.

O marido desconfiava que não fosse o pai da criança. Um relacionamento que, pela foto recente do casal, não dava nenhum sinal de que pudesse terminar com tamanha violência.

“Enquanto houver uma sociedade machista, enquanto um homem entender que a mulher é um objeto dele e que se ela não quer mais essa relação ela vai morrer, que é isso o feminicídio. Então, é uma coisa, é uma posse. Se ela quer romper aquilo ali, aquela atitude fere a masculinidade desse homem que é construída na base da violência, na base da posse. Então se nós não modificarmos isso, a gente vai continuar trabalhando meramente na repressão”, disse a delegada Sandra Ornellas.

Fonte: G1
Publicação Joraci de Lima

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